Blog do Inácio Araújo

Coisas que não entendo nada

Inácio Araújo

Uma coisa muito boa é falar de coisas que a gente não entende nada. Isso está naquela música formidável do Adoniran (com Carlinhos Vergueiro, se não me engano enormemente), em que os peões de obra vão almoçar conversando de coisas que nóis não entende nada.

Então de vez em quando vou falar de alguma. Futebol, para começar. Cada vez que abro a boca aparece alguém mandando eu falar de cinema de novo. Ok, chegaremos lá.

Vou avisando que não sou nenhum Juca, ou Tostão, ou Helena, mas também não sou tão alheio assim ao assunto.

Estou fascinado pelo Palmeiras. A única coisa que os cartolas de lá querem é se trucidar. Não importa reconstruir o estádio, ganhar o campeonato, nada, desde que o rival se afunde.

Talvez por isso o clube precise de uma entidade acima dele. A Parmalat teve esse papel e, na época, eles só ganhavam. Os dirigentes não tinham voz nenhuma.

Bem, agora não tem Parmalat, o time só entra pelo cano e todo mundo briga com todo mundo.

O Felipão percebeu uma coisa: que ele tinha que fazer esse papel do cara que está acima da diretoria. Ele é uma unanimidade. É um palmeirense típico, com aquele jeito de italianão duro, meio grosso mas simpático.

A torcida o adora porque percebe que é um torcedor mais que um profissional. Tem uma fidelidade ao clube que não é meramente profissional. E mesmo quando impõe o Luan, a torcida chia mas aguenta, até porque sabe que ele sabe o que faz.

Os cartolas o engolem porque sabem que nenhum outro técnico os aguentaria por muito tempo (sem falar que o time anda bem meia-boca). E outro técnico seria outro motivo de briga entre eles, que no momento já estão afundados em dezenas de outras disputas.

É claro, tudo isso não evita tensões. Sobretudo agora, quando o time está perdendo. Que o técnico possa sair (ou cair, tanto faz), sem dúvida.

Mas isso leva ao Palmeiras o perigo de entrar em um período francamente caótico, de lutas fratricidas ainda mais pesadas. Porque me parece que nenhum outro treinador teria condições de substituir essa instituição exterior que controla o clube, controla a cartolagem e bota a coisa para andar.

Estão aí meus palpites nessa área tão estranha. E corro de volta aos filmes, que ninguém fique preocupado demais.