Blog do Inácio Araújo

Morre Marlene França, musa do cangaço

Inácio Araújo

O terrível no cinema é o anonimato de certas mortes. A de Marlene França se deu na sexta-feira.

Talvez eu, com tanto a fazer, tenha lido jornais e internet sem grande atenção. Mas só vim a saber do fato pela newsletter do Marcelo Pestana & Carlos Cirne, onde o Alfredo Sternheim publicou um belo artigo. Depois chegou o Almanaquito da Rosário e a devida confirmação.

Caramba, o que é ingrata a nossa cultura. Houve um tempo em que o simples nome Marlene França chamava espectador ao cinema, garantia um retorno.

Era boa atriz, também foi diretora de muita iniciativa, e antes disso trabalhou como continuísta, quer dizer, conhecia também funções técnicas. E boa pessoa (digo tendo a conhecido muito pouco, mas não faltam confirmações a respeito).

Num cinema onde a presença feminina era quase sempre restrita a papéis secundários (exceto como atriz, claro), ela foi uma dessas que abriu caminho, com um trajeto político, inclusive. Mas é sobretudo como atriz que se destacou. Dos filmes dela, montei “A Noite do Desejo”, que era um bom filme antes que a censura retalhasse. E ela aparecia muito bem ao lado de Ney Latorraca, Roberto Bolant e Betina Viany.

Lembro de quando Alfredo Palácios morreu. Eu recebi a notícia uns quatro dias depois. Não dava mais para publicar no jornal (era o que existia naquele tempo). E era uma pessoa adorável, o Palácios, além de muito relevante para o cinema paulista.

Bem, agora, com o blog, ao menos é permitido chegar atrasado. Aqui estou.

Marcus Mello comunica o lançamento de uma nova revista eletrônica: Orson

Belo nome encontrável desde 21/9 no seguinte endereço: http://orson.ufpel.edu.br

A publicação vem da Universidade Federal de Pelotas e a abordagem é universitária (isto é, aberta a professores e alunos de cinema e audiovisual de outras universidades, inclusive).

Vale a pena dar uma olhada, porque na base está a bela tradição crítica do Rio Grande do Sul.

O Cinema Silencioso

''Viagem ao Cinema Silencioso no Brasil'', editado e muito mal distribuído pela Azougue, está mal ou bem em circulação.

Reúne os pesquisadores que se reunem há uns dez anos na Cinemateca para estudar os filmes mudos brasileiros (os que restam…), iniciativa do Carlos Roberto de Souza que depois deu na ''Jornada do Cinema Silencioso'', que já tem, salvo erro, cinco edições, uma por ano.