Blog do Inácio Araújo

São Paulo: Virada 2012, Metrô, Tinoco

Inácio Araújo

É bem impressionista, o que vou dizer, mas o passeio da Virada Cultural paulistana, este ano, me pareceu muito, mas muito menos interessante do que o dos anos recentes.

Não sei se isso tem relação com a Virada carioca, no mesmo dia, que estabelece certa concorrência. Mas acho que não.

Por outro lado, não sei se o investimento muito alto do Sesc acaba tirando da Virada sua principal virtude, que é o restabelecimento do Centro como espaço de convívio democrático.

Com desculpas pelo uso da palavra “democrático”, que serve para mais ou menos qualquer coisa. Tento dizer que ali aparecem e aproveitam das mesmas atrações os ricos e os pobres, os que vêm de longe e os de mais perto. O Centro nos iguala, no sentido em que mostra que somos muito mais parecidos uns com os outros do que às vezes imaginamos.

Isso é que eu vi pouco. Vi pouco passeio e muito ajuntamento. Vi muito artesão espalhando suas produções chatas na calçada. Vi muito show paralelo, ou que nome se queira dar a isso, mas são basicamente caça-níqueis.

Talvez a Virada esteja muito grande, talvez um pouco dispersa… Não sei, este não foi um ano de encantamento para mim.

Metrô

Esperando o Metrô tive o “insight” terrível: o Metrô de SP nunca vai dar certo.

Ele precisaria de trens muito maiores para comportar a demanda de uma cidade deste tamanho.

Por isso os trens se apinham de gente, embora a rede seja ridiculamente pequena.

Não sei se nas linhas novas os trens são maiores. Mas as ainda principais (Norte-Sul e Leste-Oeste) sofrem de pequenez.

Ou seja, não são concebidas como transporte público, mas como “transporte de pobre”.

E haja carro na rua.

Tinoco

É incrível que, tendo morrido Tinoco – com a devida comoção nacional – não tenha sido exibido um mísero filme que tenham estrelado.

E eles foram feitos.

Onde estão? Em que estado estão? Há restauro em andamento?

Caminhamos um tanto nesse sentido, mas falta um monte.

Se o cinema ficar nesse conformismo, se a preocupação continuar sendo apenas a mesma de sempre (mercado, dinheiro para produção e tal) é bom indagar logo qual o sentido disso tudo.