Blog do Inácio Araújo

Reencontrar a cinefilia

Inácio Araújo

E os filmes de Bolonha?Aposto que perguntam. Espero que perguntem.

Mas, toda vez, algo importante se interpõe.

Chegaremos lá.

Vamos falar um instante de arquivos. Tema do Serge Toubiana, diretor da Cinemateca Francesa, num debate.

Digo isso porque às vezes eu falo mal da nossa Cinemateca.

Com razão, acho.

Mas os arquivos precisam ser lembrados. São coisas que andam bem. Funcionam direito.

E agora agregaram a biblioteca do Museu Lasar Segall, ótima.

Mas há algo além da organização para o que o Toubiana chamou a atenção.

As cinematecas devem ir atrás dos arquivos.

Tem a nossa ido?

Sei que existe, por exemplo, um Instituto Ozualdo Candeias. Para mim, a Cinemateca é que devia concentrar essas coisas, organizá-las e, sobretudo, abri-las, torná-las sempre mais públicas.

Lembro que no conselho da CB inúmeras vezes Hermano Penna chamou a atenção para a necessidade de chamar os depositantes de filmes e documentos, mostrar-lhes como as coisas andavam e como andariam. Ninguém deu muita bola.

A CB tem certa dificuldade de se relacionar com o mundo exterior e entendi o quanto isso é decisivo após da intervenção do Toubiana.

Hoje, diz ele, o acesso aos filmes é fácil.

O pessoal baixa, vê, joga fora.

Alguns chegarão a organizar esse conhecimento.
Mas como isso não se passa no cinema, nas salas, quase nunca ao menos, o que acontece é o desenvolvimento de uma cultura caótica.

Então uma das funções das cinematecas, diz ele, é propiciar a organização desse conhecimento.

E como?

Penso eu que no Brasil a CB (acho que a do MAM sempre foi melhor nesse aspecto) tem de encontrar um meio de ganhar a confiança das pessoas.

Como fez o Carlão na Sessão do Comodoro.

Por que não promover uma Sessão das Revistas? Por exemplo, só.

Que congregasse e pusesse para conversar após os filmes (podem ser baixados, como fazia o Carlão, sem problema).

Que teria no centro o pessoal das varias revistas na internet ou não, que produzem coisas importantes.

Sacudir um pouco a poeira é mais difícil do que parece.

Passa por superar hábitos antigos.

Mas e daí?

É assim que as coisas caminham, em geral.

Breve: os filmes do Cinema Ritrovato. Coisas alucinantes.