Blog do Inácio Araújo

A Encruzilhada das Bordas

Inácio Araújo

Nem falei do Cinema das Bordas este ano, o que não significa que ele tenha saído das minhas preocupações, antes pelo contrário.

Mais cedo ou mais tarde, os bordadores vão ter que tomar uma decisão sobre o assunto, sobretudo agora que têm o apoio do Itaú Cultural.

Uma coisa é o trabalho de pesquisa, que trouxe seu Manoelzinho, o bombeiro de Brasília, o Rambo do Pará e outros tantos personagens cuja atividade pode até atestar um gosto pelo cinema, que podem ter repercussão em suas cercanias, mas não têm o mínimo de habilidade ou inteligência para irem mais longe.

Outra coisa é a rapaziada que já mostrou talento para os filmes de gênero e que pode evoluir, e que o Bordas mais o Itaú podem favorecer essa evolução.

Como?

É perfeitamente possível programar oficinas que permitam aos realizadores e atores não só aperfeiçoar seus talentos, como buscar modos menos empíricos de produção.

Mesmo a realização do festival permite que o pessoal se encontre, troque experiências, etc. Mas, indo mais longe um pouco, pode-se imaginar cooperativas de distribuição e produção, todo um movimento que não precisa ser assim tão marginal e nem tão eternamente.

Vi este ano o filme do Gabriel Carneiro, por exemplo, e havia talento ali. Mas também havia bastante ingenuidade, muita submissão ao gênero, muita convenção (essa insistência nas causas da monstruosidade, por exemplo).

Há outros aspectos vários, como o trabalho com a luz no digital que requerem uma assessoria técnica mesmo e que visam dotar esse pessoal de um tanto de ambição, porque não dá para ficar feliz só por existir um festival anual que exiba seus filmes.

Enfim, esse me parece um campo aberto e que já amadureceu o bastante para passar ao estágio seguinte.