Blog do Inácio Araújo

Cinemateca Urgente

Inácio Araújo

O ex-diretor da Cinemateca, Carlos Magalhães, agora é diretor, me dizem, de um Centro Cultural do Instituto Butantã.

Duas versões que ouço sobre o fato:

1. ele está bem lá: já conhece as cobras da Cinemateca

2. ele está bem lá, entre as cobras, suas iguais.

Ou, para resumir: a Cinemateca continua a mesma.

Pelo tanto que se briga parece um lugar onde fazer roubos insanos, coisas assim. Nada.

Talvez todo mundo esteja errado nessa história. Magalhães é um homem de poder, eliminou, ou tentou, as vozes divergentes lá dentro. Cai do cavalo mais ou menos pelos mesmos meios. Mas sua gestão foi produtiva em várias coisas.

Em outras… Dou só um exemplo: tirar a Jornada do Cinema Silencioso do Carlos Roberto Souza não é uma coisa banal. Ele tirou da curadoria o cara que inventou, desenvolveu, desenhou e, em última análise, fez o sucesso do principal (e único) evento importante da CB.

Não era pra dar novos rumos coisa alguma: era apenas para chatear, para ferir, para fazer uma maldade a um desafeto.

Bem, aí vem o MinC e varre o CM como se fosse um detrito no meio da sala.

Para tudo. Dispensa os funcionários contratados via SAC. Para tudo.

Parou a biblioteca. Uma biblioteca não pode parar. Há pesquisadores trabalhando. Há teses sendo produzidas.

Como para uma biblioteca?

Enfim, todo mundo talvez tenha um tanto de razão, todo mundo tem um tanto de desrazão.

Mas a questão agora é outra: a Cinemateca tem de voltar a funcionar urgentemente. Há filmes deteriorando. Há filmes para ser exibidos.

E tudo mais.

O Jairo Ferreira dizia que a CB não ia por adiante por causa do Matadouro (ela fica no ex-Matadouro Municipal). Que há muitos maus fluidos, muito sofrimento ali.

Pode ser.

Mas antes de ser lá a coisa já era complicada.

Descomplicou no governo Lula, com Gilberto Gil.

Embananou tudo na gestão Dilma, com essa mania de empurrar mulher em tudo que é lugar.

Tem que desembananar de vez.

Depois de Maio, nova visão

Resiste, resiste muito, e bem.

Há coisas que não notei da primeira vez: a ênfase na fragilidade da vida. Isso vem desde a primeira imagem (leitura de Pascal). Acontece várias vezes.

O filme é ''Carlos'': a mesma coisa, como trajetória, não que sejam personagens iguais. Sonho, dissolução, o que resta de tantas coisas, no que se transformaram as pessoas? E a Europa? E seus filhos?

E para que servem idéias?

O que se fez da libertação que representou aquele momento?

O filme é cheio de questionamentos. Muito vivo.