Blog do Inácio Araújo

O pior do mundo

Inácio Araújo

Chamavam Ed Wood de ''o pior cineasta do mundo''.

Evidentemente, o mundo ainda não sabia que existiria Baz Luhrman.

Claro, entre os dois houve Zefirelli.

Mas Zefirelli é quase uma amador em matéria de ruindade, perto de Luhrman.

E assim, depois de descaracterizar Shakespeare, de destroçar o Moulin Rouge, ele ganha a oportunidade de desmoralizar Fitzgerald e o Gatsby.

De tal modo que a elegância e a discrição de Fitzgerald são encostados em favor da estética mais afrescalhada e espalhafatosa do mundo.

O ''Grande Gatsby'' já havia enterrado a carreira de um cineasta digno, que o reduziu a uma espécie de desfile de modas à beira da piscina.

Mal sabíamos o quanto tudo aquilo era discreto e eficiente…

O pior é que isso foi produzido e, pior ainda, promovido como uma espécie de oitava maravilha.

Uma demonstração mesmo de que quem tem a menor afeição pelo cinema são os produtores.

À americana

Olha, eu entendo que em geral essa gente que fala qualquer besteira na internet não sabe o que diz.

Mas as coisas significam alguma coisa.

De onde vem a crença de que ''nos Estados Unidos cumprem a lei''? O que sabemos disso?

Sim, quem nos dá essa informação é o cinema (e a TV em menor medida). Daí essa crença boboca.

Serão eles tão perfeitos assim? Devemos imitá-los tanto assim?

Bem, talvez seja o caso de lembrar quantos massacres de malucos que saem atirando a esmo acontecem anualmente por lá.

São Paulo, Brasil

Bem, quanto a nós, estamos no centro de uma onda de barbaridades ainda incompreensível.

Não é ''a impunidade'', nem ''a pobreza''.

É preciso entender o Brasil e sua cultura em múltiplas dimensões se quisermos entender porque um sujeito, ou um bando deles, bota fogo nas pessoas como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Que idéia da vida, e de tirar a vida do outro, eles se fazem?

E que valor à vida cultivamos?

Não sei dizer nada sobre isso, mas tenho a impressão de que a desconsideração pela cultura, pela idéia de cultura, que dá na incapacidade completa de criar um povo único, em que o outro não seja visto como inimigo por ser preto ou branco, rico ou pobre, alto ou baixo, tem muito a ver com isso.

É coisa que deveria preocupar muito os governos, os professores, a universidade, os jornalistas