Blog do Inácio Araújo

Frances Ha está com tudo

Inácio Araújo

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Às vezes eu ficava vendo outros filmes, há muito Truffaut ali, há Godard também, a própria música evocando Georges Delerue forçava isso.

Mas Frances Ha é ele mesmo, como filme, assim como Frances Ha, a personagem. Todo o tempo fiquei seduzido pelo ritmo, pelas alternâncias de situação e lugar, pela inquietação que move as personagens.

O filme serve às personagens, mas com que leveza nos conduz a um olhar agudo sobre eles, sobre o mundo tal como se desenha aos vinte, vinte e poucos anos.

Há, por um lado, a amizade sólida (desculpe, me foge o nome da amiga), as rupturas, as buscas de caminho. Há os encontros fortuitos que podem se tornar duradouros, profundos. Há a luta para pagar o aluguel, sem dúvida. E a perspectiva, sempre, do fracasso: do não ser aquilo que pensamos e sonhamos que éramos.

Frances é tudo isso: aquela que dá suas cabeçadas, em busca daquilo que deseja, mas também a menina que sai dançando pela rua.

Provas de que é completamente fora do convencional:

1. O  sexo não é uma obsessão das personagens (principais ou secundárias);

2. Frances é capaz de deixar Nova York e ir a Sacramento para o Natal em família e a festa é de aproximação. É feliz, pode-se dizer.

Que diferença de “Bling Ring”, que parece se deliciar mais à medida que seus personagens se deterioram…

E já nem falo daquele documentário infeliz sobre a moça brasileira que se matou ao tentar a sorte em Nova York…

É  filme de um tal frescor que, por um vez, o preto-e-branco não me incomodou nem me pareceu forçado (aliás, que linda fotografia P&B).

Eu nunca conseguia ver esse filme (problema de horário meu ou do cinema…). Agora quero rever e rever…