Blog do Inácio Araújo

UMA NOTÍCIA BOA E UMA…

Inácio Araújo

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A má notícia:

Os amigos que lamentam o fim deste blog terão muito mais razão de lamentar no ano que vem: o número de Filme Cultura que está saindo agora será o último.

Se não estou enganado, a nova fase durou 11 números, por obra e graça de Gustavo Dahl, cuja habilidade política ainda vigorou por um tempo depois de sua morte. Ele, aliás, havia ressuscitado o CTAv, que eu temo volte a ser a instituição moribunda de algum tempo atrás.

Houve 11 números que servirão de referência sobre um período, assim como no tempo do INC a primeira Filme Cultura. Que, aliás, foi reeditada em fac simile.

Uma lástima, enfim.

A boa:

A boa, infelizmente, não é bem notícia. Mas quero aproveitar o fim de ano para saudar o trabalho da Vitrine Filmes.

É a estratégia da brecha: pegam os filmes que ninguém quer e estão conseguindo mostrar que há pessoas que querem ver Las Acacias, ou Eles Voltam…

(e O Som ao Redor também, ao menos no DVD, que está ótimo, duplo, com cenas suprimidas, entrevista e, sobretudo, uma coleção dos curtas de Kleber Mendonça Fo.)

Tudo isso me lembra o Adhemar quando começou com o Espaço, nos anos 1990, e ninguém queria exibir filmes brasileiros e ele já exibia.

Decepção de Natal:

Para mim é o filme do Jia Zhang-Ke. Que é talentoso e tal, mas me pareceu antiquado.

Um filme de autor, no sentido velho, que só se salva porque para nós a China é um território desconhecido.

Mas Jia faz um filme comentário, onde afirma “a verdade” daquilo que mostra.

Já eu me pergunto: será?

Será que a China é isso ou isso será apenas a visão, a experiência que ele tem da China?

Porque o cineasta de hoje mostra, dialoga com o espectador, não diz o que devemos pensar.

Assim ao menos eu vejo que fazem os melhores…

Mas não é essa minha bronca principal.

O filme me lembrou um Fritz Lang às avessas. O Lang se orgulhava de nunca ter mostrado uma morte em seus filmes.

E olha que ele filmou algumas centenas de crimes.

Mas nunca o espetáculo da morte, ali, direto, em nossos olhos.

Não precisa chegar a tanto. Mas a crise coreana do Zhang Ke não me entusiasmou nada.

Achei tudo uma grande e estúpida brutalidade.

Sem pudor

Isso no final de um ano que a gente passou a pão e água: só filme devagar, quase.

E de repente, agora, uma penca de filmes.

Muito interessante, aliás, a integração pornô/mainstream no momento. Grandes filmes (já comentei aqui) e nenhum pudor.

Isso porque ainda não chegou aqui o Ninfomaníacas do Lars von Trier. Está chegando.