Não tem nada a ver com cinema
Inácio Araújo
Videla pegou perpétua em Córdoba.
E não só ele. Tem uns caras que a gente nem conhece, como o Menendez, que são uns monstros.
Acho que foram umas vinte prisões perpétuas por crime de lesa humanidade.
Haverá ainda outros processos.
Mas apenas este é exemplar.
Porque nos perguntamos todo o tempo porque os filmes argentinos, mesmo quando não tão bons, vão fundo, parecem perscrutar a alma das coisas.
Enquanto os nossos, mesmo os bons, derivam com facilidade para o drama psicológico e tal.
Não é culpa do cinema. Não do cinema apenas, em todo caso.
Se isso aconteceu é porque a Argentina se mobilizou de verdade até emparedar seus carrascos.
Aqui ninguém fez, nem faz nada. E ainda há quem ache tortura o máximo.
Já disse, aqui no Brasil não aconteceu nem um centésimo das atrocidades, das monstruosidades que ocorreram na Argentina.
Nem por isso essa atitude, de fazer vistas grossas, está correta.
Aliás, Vladimir Safatle já lembrou, essa atitude brasileira começa a nos trazer problemas em cortes internacionais.
Nós, que nos proclamamos campeões de direitos humanos e tal e coisa, quando se sabe muito bem como as coisas se passam não mais com presos políticos, mas com presos comuns.
Essas coisas afetam o cinema cem vezes mais do que falta de dinheiro.