Chupa-cabra e outros sanguessugas
Inácio Araújo
Aqui em SP, começa no Itaú Cultural a nova mostra do Cinema de Bordas. Quem organiza é o pessoal liderado pela Bernadette Lyra, que inclusive já publicou livro sobre o assunto.
Bordas são as margens. É uma outra maneira de dizer marginal, que não se confunde com o conceito de Cinema Marginal que conhecemos dos anos 70. Aqui é um cinema feito na raça, no digital, usando a família e os amigos como elenco etc.
O resultado é não raro lastimável. Mas, acima dele, existe um desejo de produzir imagem que se impõe: amador no sentido de que se percebe ali gente que ama as imagens, e não o comércio das imagens.
Mas, por vezes, o resultado é surpreendente. E há momentos em que vemos ali um último suspiro da arte popular que o cinema já foi.
Só que hoje fazer o filme se tornou acessível a muita gente. O consumidor de imagens se torna também produtor.
Vale a pena dar uma chegada lá. Quem costuma me dizer o que há de melhor lá é o blog do Carlão Reichenbach ou a Revista Zingu (revista eletrônica).
E outros sanguessugas
Lêdo Ivo abre o berreiro contra herdeiros que controlam a obra de escritores mortos. Eu estou de acordo.
Ora, se existe a idéia de que a propriedade deve ter uma função social, caso contrário pode ser retirada de seu dono, por que isso não se aplica à produção intelectual?
É claro que há herdeiros capazes de zelar pelo trabalho de seus antepassados. Mas uma boa parte deles quer, deles, apenas os dividendos.
No caso de Lêdo Ivo, ele queria publicar umas fotos em que está com Manuel Bandeira. A família pediu grana (eu uso essa palavra que detesto, acho feia, porque a coisa me parece mesmo feia, argentária). É ridículo, isso.
No cinema, somos impedidos de ver “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, filme importantíssimo de Roberto Santos, por capricho dos herdeiros (ou é uma herdeira, não sei direito) de Guimarães Rosa.
E por aí vai.
Lêdo Ivo mesmo fala da família que impede a circulação de uma biografia de Cecília Meireles. E há casos outros: biografia de Noel Rosa, por exemplo. São casos em que os herdeiros se acham com direito não só à obra como à história cultural do sujeito e, mais que isso, do país.
Ok, reclama-se dos juízes que dão ganho de causa aos herdeiros. Não entendo disso. Mas me parece urgente reformar essa legislação. Desse jeito não é possível. È um não-me-toques incompatível com o conhecimento. Não faz sentido.
Os trajes
É uma medida estranha, essa da França.
Me parece que não se deve aceitar hábitos, trajes, objetos religiosos em escolas públicas. Isso é uma coisa.
Mas impedir as muçulmanas de circular com seus trajes característicos nos lugares públicos não seria uma discriminação?
Vejo aqui em SP, aqui perto de casa mesmo, um monte de judeus religiosos com seus chapelões, suas barbas, suas kipás. As mulheres com suas cabeças cobertas por panos. Deveriam ser proibidos? E a título de quê?
Só por que esses hábitos me parecem exóticos e, eventualmente, meio tolos? Como posso julgá-los?
E se proibi-los devemos proibir também os caras da TFP que também circulam por aqui com uns ternos característicos e crucifixos ou similares na lapela?
Desse jeito a França periga acabar que nem o alienista de Machado.
O problema não são os valores republicanos de 1789. O problema é que o mundo mudou. Que hoje será preciso aprender a conviver com hábitos, modos de ser, de vestir, de comer diferentes, que mal conhecemos.
“Entre os Muros da Escola”, aquele belíssimo filme, coloca muito bem essa questão no interior de uma sala de aula: como ensinar Voltaire ao cara que chegou ontem da Costa do Marfim ou da Mauritânia?
Não dá para ensinar e não dá para não ensinar. É um impasse. E ele tem de ser pensado como impasse, não por medidas de força.
Os Críticos
Prossegue no Guia da Folha a revolta dos leitores que não concordam com tal ou tal avaliação.
É estranho. Reclamam da avaliação do crítico (no caso era o André Barcinski) e, como se diz, vão tirar satisfação. Mas será que se deram ao trabalho de ler o que ele escreveu?
De minha parte, vivo participando de mesas, de debates, discutindo o trabalho dos filmes, sua história, sua estética etc. Não me lembro de ter visto essas pessoas indignadas em nenhum desses debates.
A ideologia do consumo pode ser tenebrosa. Acho que já escrevi aqui: quando eu era garoto, via um filme, lia um livro, adorava, ia ver o que o crítico dizia. Se ele tinha uma opinião diferente eu queria saber por quê, o que eu poderia aprender com esse cara que tinha mais experiência e saber do que eu etc.
Por alguma estranha disfunção, hoje o cara não acha que tem de aprender nada com o crítico. Longe disso. Até aí tudo bem. Quer dizer, não acho tudo bem, não: é uma coisa preguiçosa, ranzinza e simplesmente presunçosa. Pois tome da pena, escreva suas impressões e as coloque num blog, por exemplo. Isso é uma atitude ativa.
Em vez disso, há pessoas que correm para a seção de cartas babando de indignação, como quem vai ao Procon, como se o crítico estivesse lhes oferecendo creme de leite fora do prazo de validade.
Estou longe de achar que o crítico está sempre certo. Mas isso me parece uma atitude anticrítica, isto é, que não concebe o produto simbólico como um objeto de idéias, que necessariamente comporta fricções, inclusive entre quem escreve e quem lê. A graça está, justamente, nisso.
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Lottie Whyman
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Delcie Hutt
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viviane sobral da silva
26/06/2011 13:39:12
bom,por um menos as sanguessugas tem um valor,não servem apenas para maltratar as pessoas chupandos seu sangue,ela pode tratar de uma enfermaidade,e acabou que varios médicos estam ultilizandos as sanguessugas para fazer suas cirurgias "eu nunca vou querer fazer cirurgias principalmente plasticas,bom eu não preciso mesmo"gostei do assunto.parabéns... viviane sobral da silva
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Alexandre Leco
06/05/2011 23:11:09
Acho triste essa luta que estamos vendo aqui pela defesa da crítica. Triste, porque necessária. O ataque à crítica feito de forma geral e vazia (como o leitor do jornal ou o blog infantil CH3 fazem) não leva a nada. Estamos aqui entrando em parafusos, tentando defender algo que não precisaria ser defendido. Existem críticas ruins e boas. Não existe acabar com a crítica em geral. A crítica de alguma forma nos move. Nos anos 50-60 foi a crítica que moveu uma geração inteira de cineastas. Enfim, espero que as pessoas que sejam contrárias a qualquer tipo de crítica repensem o que estão dizendo e vão ler um livro. O fascismo é mais cotidiano do que parece.
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tabletkinaodchudzanie
28/04/2011 00:59:03
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Vinicius Diehl dos Santos
26/04/2011 12:47:36
Realmente Inácio o papel de um crítico é realmente muito díficil, pois vem cheio de questionamentos, que nunca serão completamente respondidos. Em certa reportagem de um crítico, ele diz que uma crítica nunca é definitiva, pois pode se passar, uma semana, dois anos ou cinqueta anos e a sua relação com a obra pode mudar . Para mim o papel de um crítico é iluminar , pontos escuros para o espectador, assim o fazendo refletir sobre a obra. Gosto de críticos que não tenham respostas prontas e sim questionamentos. A melhor crítica para mim, é quando o crítico, se sente perdido ou desorientado com uma obra, pois muitas vezes eu me sinto assim com determinadas obras. São essas obras e esses pensamentos dos críticos, que me instigam ao ver um filme, ler uma crítica e amar o cinema.
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joão bosco
25/04/2011 21:55:12
Desculpe-me Inácio, mas ser contra críticos é ser anti-intelectual? Se for, então sou anti-intelectual.De qq forma, grato pela atençãoJB
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Inácio Araujo
25/04/2011 17:17:50
Desculpe, João Bosco, mas isso é apenas uma bobajada anti-intelectual a mais.
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marcos nunes
25/04/2011 10:00:00
Concordo contigo, Inácio. O problema é que não discordo, por exemplo, da maioria das ideias de Godard (quer dizer, não discordo de 1/3, para ser mais honesto), mas sempre na realização delas enquanto cinema. É pernóstico até dizer chega. Não sei o que é pior: ver um filme dele ou um espetáculo de balé.
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joão bosco
23/04/2011 09:12:14
Prezado Inácio,Sempre tive minhas críticas aos críticos, e isto não é segredo, mas a melhor crítica que achei até agora foi a publicada no Blog CH 3. Veja a seguir (como está no original)CH 324 de janeiro de 2008Como se tornar crítico de cinema Eis uma atividade quase tão ruim quanto o jornalismo e não é a toa que muitos jornalistas exercem essa função. Só mesmo alguém que tenha passado pela faculdade de comunicação social poderia exercer tão cruel função. O crítico de cinema tem o trabalho de assistir vários filmes e dizer se gosta deles ou não. Para isso normalmente eles usam seus conhecimentos em linguagem cinematográfica, e os mais metidos fazem uso de todas as ciências humanas existentes para explicar os filmes que ele gosta.Certo que nem sempre é isso o que acontece. Para se ser crítico de cinema não é preciso entender muita coisa de cinema, e às vezes não é preciso nem assistir nenhum filme. Basta seguir algumas regras para se tornar um crítico conceituado. Claro, você pode seguir o caminho de críticos Pop, que falam bem até de 300, por exemplo, mas ai, você não terá o reconhecimento, não poderá freqüentar as rodas de intelectuais com a cabeça erguida.Primeiro, é de bom grado que você tenha feito algum curso na área de comunicação e artes. Se for na ECA da USP, melhor ainda. E ainda na sua formação, ajuda se você tiver feito um, talvez até dois filmes na carreira. Os filmes claro deverão ser chatíssimos e com uma fotografia absolutamente inovadora, que de dor de cabeça em quem tentar assistir. Descreva-o como “moderno demais”, “uma mistura de Cidadão Kane com Deus e o Diabo na Terra do Sol”. E claro, os filmes devem ter um nome fantástico como “Isolado na multidão” ou uma metáfora sem sentido, mas que pareça ser genial.Claro que você pode criticar sem ser um cineasta fracassado, mas isso irá dificultar em muito sua reputação. Se você tiver feito o filme, na hora em que alguém ler uma crítica sua e outra pessoa perguntar “quem fez” poderá responder “é, um cara ai que fez um filme, Isolado na multidão, a história de um imigrante nordestino que vai para São Paulo, onde consegue algum dinheiro a base da prostituição, mas mesmo assim não se sente realizado. Um professor meu de cinema passou uma vez”.Mas certo, vamos à parte das análises. Você deve criar um sistema de classificação. Pode ser à base de ovelhas, um anagrama do seu sobrenome, tanto faz. Mas, a título de exemplo, usaremos as estrelas. 0 estrelas para os ruins e 5 estrelas para os bons.Então tá. Primeiro, todos os filmes feitos nos anos 2000 merecem 0 estrelas. 1 estrela para filmes dos anos 1990, 2 para os anos 1980, 3 para os anos 1970, 4 para os anos 1960 e 5 para qualquer filme feito antes e durante a década de 1950. Esta é a base inicial.Filmes americanos nunca ganham estrelas a mais, a não ser que seja um filme americano que critique os costumes americanos. Em compensação, quanto mais longe o país do filme for dos EUA, mais estrelas ele ganhará. Um filme canadense ganha meia estrela, um brasileiro ganha uma. Um filme iraniano ganha mais 4. Procure pelo filme no Google, menos resultados, mais estrelas. Se o filme estiver passando em mais de duas salas de cinema, comece a tirar estrelas. Se for um filme francês, búlgaro, esloveno, passando em mais de duas salas de cinema, ou, pior ainda, em uma sala de cinema convencional, detone-o. Dizendo algo como “a Croácia que sempre nos presenteia com belos filmes, dessa vez apresenta um filme convencional, uma clara tentativa de tentar fazer cinema americano nos Balcãs”.Veja a sinopse do filme e os atores que participam. A cada ator que você conheça o nome, retire meia estrela. Com essa fase prévia de avaliação, você já pode publicar suas análises. Mas, se você quiser, você pode realmente ver os filmes. Dará trabalho, poderá lhe dar mais análises e talvez mais reconhecimento, mas é muito mais arriscado. Você pode correr o risco de começar a entender do assunto.Certo, você está lá para assistir o filme. Se o cinema for difícil de ser encontrado, o filme ganha mais estrelas. Quanto menos pessoas no cinema, mais estrelas para o filme. Se alguém rir em algum momento do filme, tire uma estrela. Se você rir, retire todas as estrelas. Cada vez que aparecer uma pessoa correndo, retire estrelas. Observe a fotografia. Se ela for exótica, merece cinco estrelas apenas por isso. Se o diretor usar apenas roxo e alaranjado, filmar apenas as orelhas das pessoas. Se o filme, por exemplo, tiver tons amarelados, e com excesso de iluminação, que chegue a doer os olhos, escreva algo como “O filme tanto esteticamente, quanto em seu conteúdo, impacta. O espectador sai do cinema nocauteado, como se tivesse levado um soco no fígado”. Aliás, lembre-se, o boxe é o único esporte que pode ser praticado impunemente nos filmes.Observe as longas cenas de silêncio. Como, uma cena em close nos olhos do ator, durante 18 minutos, sem mostrar mais nada em volta. Se alguém dormir durante o filme, adicione estrelas. Se você dormir no filme, adicione cinco estrelas. Diga que é a cena mais reflexiva do cinema contemporâneo. Quanto mais flashbacks, quanto mais cenas sem explicação, enfim, se você sair do cinema sem entender nada, o filme é ótimo. Mas é claro, alerte que talvez muitas pessoas não conseguirão entender o filme. Se o filme te der vontade de virar o rosto, de tão ultrajante, se você sentir vontade de vomitar, ou, consumar o ato, mais estrelas para o filme.Bem, isso já é o suficiente para criticar um filme. Mas lembre-se de algumas outras coisas:- Filmes com cenas de estupro são bons e chocantes.- Filmes com cenas de um homem sendo estuprado são ainda melhores e ainda mais chocantes.- Closes do toba, vulgo ânus, tornam um filme cult.- Filmes brasileiros nunca serão melhores do que os argentinos.- Filmes ganhadores do Oscar nunca serão realmente bons.- Filmes ganhadores do Leão de Cannes, do Urso de Berlin, do Ornitorrinco prateado de Adelaide, são ótimos.- Consumo de drogas tornam o filme realista.- Armas só podem ser usadas para suicídios. Mas os suicídios devem ser de maneira mais dramática, cortando os pulsos.Agora, você já está pronto para criar seu blog de críticas cinematográficas. E não se esqueça, dia 22 de fevereiro estréia Rambo IV. Postado por Guilherme às 8:57 PM Até maisJ Bosco
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nane
22/04/2011 21:06:15
Obrigada e Feliz Páscoa! abraços
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Marcos Anton Nogelli
21/04/2011 12:44:30
Faltou interrogação depois de "tempo"?
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Marcos Anton Nogelli
21/04/2011 12:42:37
O "Matraga" está fora das telas há quanto tempo. Assisti em reprise numa sala do Estação Botafogo no meio dos anos 90, e era até uma cópia nova, de relançamento.
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Inácio Araujo
21/04/2011 12:40:13
A questão, Marcos, não é gostar ou não do Godard, mas estar aberto ao outro, ouvir argumentos. Ninguém é obrigado a gostar desse ou daquele. Eu acredito que aprendi mais com autores que discordavam de meu sentimento imediato em relação a certos filmes do que com aqueles com quem eu concordava.
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Inácio Araujo
21/04/2011 12:37:08
Me parece, até onde me lembro, que não é tão importante saber quem eram os responsáveis, mas o mistério... essa espécie de compromisso coletivo, de cumplicidade geral.
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nane
20/04/2011 18:22:44
Inácio não fique bravo comigo, mas estou usando esse espaço por causa do filme "A fita branca", li seus comentários na Folha. Inácio eu estava super interessada, ligada no filme total.... mas acabou e eu não entendi, eu sei que não sou QI alto, mas afinal, foram as crianças.... bem não dá para´perguntar para vc me explicar, mas será que + alguém ficou como eu?
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Maicon Paim
20/04/2011 11:58:28
A Martha Medeiros disse em uma coluna que "a gente não entende como alguém não gosta daquilo que a gente adora". Acredito que muito dessa postura agressiva dos leitores se deve ao fato de lidarem muito mal com críticas negativas a seus objetos de culto, e também pelo fato de haver muita gente mal-educada que se esconde no anonimato da internet. Quando eu não concordo com uma crítica, costumo ou me silenciar ou argumentar o porquê de pensar diferente. Recorrer à desqualificação do texto ou da pessoa que escreveu é o recurso fácil a que recorrem aqueles que não tem ideias e argumentos para defenderem o que acreditam.Se a Web 2.0 contribui para a proliferação de ideias também contribui para a proliferação de grosserias.
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marcos nunes
20/04/2011 09:35:42
Legal esse ""multipost" de hoje. Sobre:1) O das bordas lembrou-me das esperanças de Walter Benjamin quanto ao cinema transformar-se não em uma arte popular industrial, mas uma arte popular produzida pelo povo, com sua própria estética e demandas. Novamente corremos esse adorável risco com as novas tecnologias e, é claro, muito de ruim se fará. Mas no Brasil, peneirando, tudo dá;2) O problema não é a legislação, mas a decisão, a interpretação dos juízes às voltas com uma legislação muitas vezes pouco específica quando se trata de informações e imagens de pessoas mortas, considerando-se os pruridos ou ambição de seus familiares. Como, no Brasil, o compadrismo e a patrimonialismo dão as cartas, tende-se a respeitar os interesses dos herdeiros. Será para sempre?3) A questão francesa é complicada; no Irã, quando há uma visita de uma ocidental, a mesma é constrangida a usar ao menos o chador, sob pena de não poder circular por todos os lugares. Há um culto da intolerância que está se estendendo, mas há de se afirmar não a bem da cultura e da religião, mas da liberdade individual: seja burca ou chador, ambos são, indubitavelmente, a expressão do poder masculinoe preconceito contra as mulheres, que não são respeitadas e mesmo sequer reconhecidas como cidadãs livres. Se, na França secular, pode-se, por opção, por "liberdade", usar vestimentas ostensivamente religiosas, de caráter inequivocamente repressivos e/ou expressão de uma condição inferior atribuida por preceitos primeiramente machistas para em seguida ser religiosos, enfim, se discute. Mas sou a favor da proibição. Gosto da exposição da feminilidade.4) Quando a crítica é mera opinião, ela vira bunda: todo mundo tem. Não há espaço, porém, para melhores e mais pormenorizadas criticas de cinema em jornais. São pouco mais que resenhas dos filmes com uma opinião aqui e ali, geralmente baseada em algum procedimento que o crítico deplora (enquadramentos ruins, roteiro fraco, direção tíbia, atores mal escalados, etc.), mas que não explicita além de umas poucas linhas. Daí a discussão permanente.Eu, por exemplo, que detesto Godard, tenho que ouvir sermões de seus cultores, sempre reptitivos, chatos como o "mestre", para eles responsável pela invenção da roda da verdade em 24 quadros por segundo. Continuarei detestando Godard (tanto quanto detesto balé), eles amando Godard e me detestando. Fla-Flu com ranhuras acadêmicas.
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Jota
20/04/2011 07:43:52
Esta questão da crítica ( e do papel crítico) está cada vez mais complicada. Parece ser uma coisa sintomática esta inflexibilidade do leitor. Vejo esta discordância em vários meios de comunicação. Parece que o texto crítico precisa satisfazer a expectativa de quem quer que seja, caso contrário não é válido ou é motivo de questionamento. A crítica é para ser refletida e discutida. Não sei, gosto de ler. O que talvez seja incômodo para alguns seja a cotação. Talvez o texto apenas bastaria. Estrelas, notas, tudo isso é irrelevante. Lendo, para quem gosta de cinema, já é suficiente. Mas, não sei... Hoje em dia a pessoas precisam de validação e estão mais fechadas ao diálogo. Não gostam muito de pensar.
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