Serão os games uma arte do futuro?
Inácio Araújo
Esse novo sistema de blog dificulta a entrada para comentários e tal. Acho que dificulta. Eu, em todo caso, não consigo entrar.
Mas, voltando de férias, dou uma lida nos comentários todos. Alguns vão sendo naturalmente respondidos, à medida que vou escrevendo novos posts. Os do pessoal dos games, no entanto, talvez mereçam uma reflexão à parte.
No post anterior dizia que me parecia meio chutada a opinião de um cara para quem só falta um Chaplin para os games serem vistos como arte.
A minha opinião também é meio chutada, já vou avisando. Não vejo games desde que meus filhos desencanaram deles e não vou julgar o trabalho de ninguém, mesmo porque é uma categoria toda à parte.
Minha dúvida toda na história é se a arte pode ser uma coisa interativa como os games.
Não é com os games a minha encrenca, mas com essa idéia de que a interação vai salvar o mundo, ou a arte, ou o que quer que seja.
Eu sou um pouco antiquado nessas coisas. Os mobiles vieram, viraram moda, mas os mobiles não marcaram porque eram mobiles, nem porque eu podia encostar neles, mas porque seus autores originais eram inventivos.
Por isso falei dos bichos da Lygia Clark: hoje em dia ficam expostos numa redoma, a dois metros da gente, ninguém chega perto. Mas não perderam a importância por isso.
Enfim, alguém pergunta “o que é arte”. Não sou eu que vou limitar o que seja ou não arte. O mundo definirá isso, e não posso ter posição fechada a respeito de algo que desconheço.
Só penso que essa história de interação, de livro com cinco finais, essas coisas supostamente democráticas, uma bobagem.
Sobre o que é arte vou dar a resposta que uma vez o Borges deu: “arte é o que nos dá felicidade”. Mas nem tudo que dá felicidade é arte, claro.