Blog do Inácio Araújo

Algo mudou no Oscar

Inácio Araújo

Algo mudou no Oscar, e não fui eu. Alguém caiu em si e percebeu que a estatueta estava longe, muito longe, de ser disputada por, pelo menos, alguns dos melhores filmes do ano.

E este ano os filmes que vejo, de um modo geral, são todos dignos. Pode-se gostar mais de um ou de outro, mas a lista de dez não faz vergonha.

Não há filmes do “gênero Oscar”, isto é, que só existem em função do prestígio, do prêmio. E, me parece, não se corre o risco de um “Quem Quer Ser um Milionário” ou aquele musical chato, ou aquele “Crash” que não é o do Cronenberg, enfim, filmes meio nulos, ganharem.

Acho que irá muito de gosto ficar com um ou com outro. Mas pela primeira em vários anos eu vejo a lista e fico indeciso.

Por que não “Hugo”? Mas “Os Descendentes” é muito original e sensível na captação de certo modo do mundo contemporâneo. “A Árvore da Vida” é “A Árvore da Vida”: já conversamos a respeito.

Etc.

É engraçado porque há quem ache, quando eu falo mal do Oscar, que eu quero ver Hollywood pelas costas e tal e coisa. Não é bem isso. O Oscar é o prêmio mais popular que existe. Os espectadores acham que se está no Oscar (não precisa nem vencer) é bom, é parâmetro de bom.

Então o prêmio não pode se desmoralizar elegendo aqueles “filmes de Oscar”, que só existem para e pelo Oscar.

É ótimo que desta vez não seja assim, que dê para lembrar como era há uns anos atrás, quando se comentava, debatia, torcia, ou quando a gente se revoltava quando um filme ganhava injustamente, etc. É assim que tem que ser.