Os filmes de esporte
Inácio Araújo
Esse enigma segundo o qual nós temos futebol mas não fazemos filmes de esporte talvez seja o mais falso mito que corre sobre o cinema.
Vamos relevar o fato de que, hoje, quem tem futebol não é bem o Brasil. É o Barcelona. Mas não é o que vem ao caso.
Acabei de ver “O Homem que Mudou o Jogo”, da série Oscar.
Bem, trata de beisebol. Quem entende de beisebol aqui? Quase ninguém. Eu, pelo menos, não.
Mas o manager do time enfocado tem o hábito de não ir ver os jogos. De maneira que a gente só vê uns fragmentos pela TV. E sabe, intui, quando o jogador faz algo certo ou não. Não é difícil em qualquer esporte ou atividade humana em geral.
Mas “O Homem que Mudou o Jogo” não trata de beisebol, a rigor. O jogo poderia ser qualquer outro.
É mais um filme sobre a luta do homem contra a adversidade. Não nos termos metafísicos de Fritz Lang.
Mais simplesmente, trata-se de montar um time tendo pouco dinheiro, quando outros times têm muito dinheiro.
Que fazer?
Eis a luta que o filme procura mostrar de maneira bem competente, bem agradável. Com pouco sentimentalismo, o que é raro nesse tipo de filme.
Acho que essa história de país do futebol bloqueia os nossos filmes de esporte, na verdade. A mitologia sufoca.
Quando passo na marginal vejo o belo estádio de beisebol que existe ali. Nunca entrei para ver um jogo. Quase todo mundo que joga é japonês ou coreano. Me parece que daria um belíssimo assunto, misturado, claro, com Bom Retiro, Liberdade e tal.