O Fim de Paulínia
Inácio Araújo
(ou Já Não se Faz Hollywood como Antigamente)
Paulínia nunca teve paisagem para ser a Hollywood brasileira. Nem vida. Nem tradição.
O que atraiu o cinema para lá foi a iniciativa voluntarista de criar um “pólo” tendo por base a dinheirama da Petrobrás.
Paulínia tinha um macrofestival e não tinha hotéis para os participantes. Todo mundo tinha de ficar para os lados de Campinas. Construiu um teatro com fachada greco-caipira (mas muito bem projetado como som e imagem, ressalte-se). Já parecia anunciar o que estava por vir.
Paulínia era uma dessas iniciativas absolutamente artificiais, voluntaristas, que visam, antes de mais nada, colocar o nome da cidade no mapa. Sem articulação com as entidades estaduais ou federais que cuidam do setor.
Não há um projeto político para o cinema (como sempre). Houve um projeto político local. Projeto de um político, de um prefeito, que o prefeito seguinte resolveu bombardear. Mais ou menos o roteiro de sempre.
O projeto era acompanhado de uma dinheirama em prêmios que ofuscou, por exemplo, o tradicional festival de Brasília.
Havia os concursos para financiamento de filmes, com a necessidade de filmar uma parte em Paulínia. Ok. Aí a gente via o filme e se perguntava “cadê Paulínia?”. Depois, havia a pré-estréia em Paulínia. O povo do cinema misturava-se ao povo do poder local para a festa.
E o que era festival, pólo, estúdio, tudo para, fica interrompido, no dizer do prefeito.
Interrompido é o eufemismo habitual para dar um tempo aos interessados de se acostumarem à morte do projeto.