Um pouco de tudo
Inácio Araújo
DE DVD
Não há como os DVDs brasileiros, normalmente muito pobres, sem extras, sem nada, concorrerem com a possibilidade de baixar filmes na internet ou mesmo com os piratas.
Por isso é importante e belo esse ''Acossado'' que a Versátil acaba de lançar.
São dois discos, um deles só de extras.
Nem sempre muito bons, mas no fim resta sempre algo a reter.
E por vezes muito interessantes, como a intervenção do Luc Moullet, que por sinal está no disco principal mesmo.
Aí vale a pena comprar ou mesmo alugar. Fora isso… esse é um mercado morto.
DE TV
Há um enorme exagero com essa história de séries de TV.
São tratadas como se os americanos tivessem acabado de inventá-las.
Quem viu Rim-Tim-Tim, Lassie, Roy Rogers, Bonanza, Rota 66 etc. sabe que não é bem assim.
Elas são contemporâneas mais ou menos do início da TV.
Digo isso:
1. porque existe um esforço para criar séries no Brasil. Muito bem. Há precedentes. Vigilante Rodoviário fez um sucesso louco nos anos 60.
É preciso buscar ali o exemplo. Foi feito todo por pessoal vindo da Maristela, Alfredo Palácios produziu e Ary Fernandes é quem dirigia.
Não era genial, mas pegava muito bem o nascimento da indústria automobilística, a massificação das estradas (como virtualidade ou não).
Enfim, isso que eu não vejo as séries atuais se mostrarem capazes de captar: atualidades, desejos, transformações.
2. Mad Men é notável mesmo.
DE CINEMA
Falar o quê? Faroeste Caboclo é pífio. Começa com um plano, um único, com a responsabilidade de imitar o Sergio Leone. E não consegue nada.
O roteiro é banal, previsível todo o tempo. A direção vai atrás. Parece que essa gente nunca entrou num cinema. Não é possível…
DE FUTEBOL
Como são-paulino eu tinha obrigação de torcer para o Atlético Mineiro. Afinal, lá á quase uma sucursal do meu time. Tardelli, Richarlyson, Josué, Junior César. Sem contar o Cuca.
Todo o pessoal que os mauricinhos diretores mandaram embora desprezando e tal. Meu herói deles é o Richarlyson. Não é um craque, mas, caramba, como o cara é esforçado. Só a torcida do SPFC que não reconhecia isso. Porque ele é gay. E daí? Acho que devia ser acolhido até mais que os outros por isso. Mas a turma, não, não pode, nós somos machões… Ah, vai, esses torcedores (de todos os times) são uns enrustidos bobocas.
Agora, saiu o Richarlyson, veio o Junior Cesar, saiu o Junior Cesar, veio o Juan, saiu o Juan, veio esse Cortez, saiu o Cortez… Bem, eu já perdi a conta.
Esses diretores boçais, esses mauricinhos se acham o máximo, são uns bocós.
São bem a elite paulista mesmo. Está bem representada. Uns bobos alegres.
Dito isso, as transmissões de futebol me irritam. Toda hora o comentarista diz que o nosso time (qualquer um) é ''tecnicamente muito melhor''. O time deles é sempre catimbeiro, malandro… E o juiz sempre um criminoso em potencial.
O que isso gera? Bem, quando jogam aqui no Brasil os brasileiros se vêem na obrigação de se jogar na área, fazer fita, ver se cava pênalti. Acham que o juiz tem de roubar para nós. É quase coisa de direito divino.
Os locutores acompanham, de um modo geral.
Isso é uma palhaçada.
O Atlético não mostrou em momento nenhum ser melhor que o time mexicano. Nem tecnicamente, nem taticamente, nem nada.
Teve sorte.
Mas eu acho que foi marcado pela própria torcida.
Quem foi o cretino que teve a idéia daquelas máscaras?
Sabe que estava jogando contra um time mexicano?
Que o misticismo é o fundamento do México, praticamente?
Quem vai brincar com isso quer brincar com fogo, não?
É que nem brincar de vudu contra um time do Haiti: não dá pé.
Os caras são especialistas nisso.
Mas não é disso que eu queria falar.
Quero falar um dia da completa falta de honradez do futebolista brasileiro.
Era preciso começar criando lições de ética.
Produzindo valores.
Mas chega de falar besteira, não é?