Bologna: o passado e o futuro
Inácio Araújo
Pensa que eu falo de Bologna e do Cinema Ritrovato por nostalgia? Ou esnobismo?
Não é nada disso. As velhas imagens valem dinheiro: grana no dialeto cinematográfico.
No cinema aprendemos como num momento determinado a humanidade viveu, fumou, amou, odiou, como sonhou e como se vestiu. Como eram seus gestos, sua maneira de chorar e de rir, de ser simples ou intelectual.
E quanto mais passa o tempo, mais o tempo atribui a esses testemunhos não só um valor artístico ou de conhecimento como econômico (grana…).
E por isso me parece insuportável que os estudantes se mobilizem, os caminhoneiros, os gênios, os idiotas, mas não vejo notícia de os cineastas se mobilizando para exigir do MinC que a Cinemateca volte q funcionar como Cinemateca.
Porque eu penso que seja impossível engolir a desculpa de que um órgão cesse, na pratica, sua atividade, por suspeita de corrupção. Se isso fosse verdade a única coisa que existiria no Brasil seriam ministérios, empresas e sei mais o que fechados.
Não entendo o que querem os cineastas (fora grana, claro), pois daqui a uns anos tudo que restará como memória de imagem deste pais estaria nos filmes que apodrecem na instituição que existe para preservá-los.
E os filmes de Bolonha? Estou cheio: espero em breve falar de Allan Dwan, de quem fizeram uma bela mostra.