Nova Cinemateca?
Inácio Araújo
A escolha de Lisandro Nogueira para a direção da Cinemateca Brasileira sinaliza a intenção de mudar completamente a instituição.
Igual por igual, ficava Olga Futema…
Bem, Lisandro é um professor universitário.
Não, em princípio, até onde eu saiba, um administrador, embora fosse a alma do Festival Internacional de Cinema Ambiental na cidade de Goiás, antiga capital de Goiás.
Uma vantagem enorme: é uma pessoa de que é muito difícil desgostar.
Uma simpatia capaz de desarmar dores e rancores que ficaram pela maneira como a Cinemateca foi tratada nos últimos tempos.
Quero dizer: é uma pessoa que, quando conversa com você, só olha para você, não fica olhando por cima do ombro para ver se há alguém mais interessante (que interesse mais, bem entendido), mais poderoso, mais tudo isso.
Mas a Cinemateca é um desafio à parte.
Primeiro, terá de enfrentar o umbigocentrismo paulista.
Ah, se vocês não sabem, nós somos um Primeiro Mundo que por acaso caiu aqui no Terceiro Mundo.
Não gostamos de gente dos ''pays extérieurs'' metendo o bedelho em nossos negócios.
Estão informados.
Em segundo lugar, terá pela frente um corpo funcional que, historicamente, entende ser a Cinemateca um assunto privado.
Até onde me lembro, Carlos Magalhães foi o único a saber lidar por longo tempo com o problema. Não quer dizer que eu o admirasse, aliás. Como insinuei acima, não aprecio gente que fala olhando por cima do meu ombro…
Mas admito que ele é um talento político (o que também está longe de ser um elogio).
Talvez agora esse corpo vá ser mesmo renovado.
O mais é coisa simples: saber ir atrás de dinheiro, criar boas políticas de difusão e restauro, manter o interesse do Audiovisual, mobilizar as pessoas, fazer com que os rancorosos deixem de lado o rancor…
Não é nada fácil, e também nada impossível.