Duas ou Três Coisas que Vi Nela (na Mostra 37)
Inácio Araújo
3x3D ou Godard vs. Greenaway
Greenwaway faz hoje o cinema publicitário de amanhã;
O episódio português se enfia por um caminho e parece não saber aonde ir. Não sabe mesmo: perde-se todo.
Godard: tem que ver ainda umas dez vezes, mas está no seu andamento crepuscular.
Três dés-astres. Continua pessimista e afiado. Um lance de dados e três desastres. Três dimensões.
Qual é a profundidade? Perguntou o patrão do Titanic.
Aquelas duas câmeras acopladas questionando o século 20, as guerras, as palavras que assinalam o que não está lá, porque só a imagem traz o mundo.
As imagens que não me deixam
as de Miss Violence.
Fui ver o filme por causa do nome e porque filme bom quem faz são os países em crise.
Desespero é o que não falta. Talvez sobre. O andamento até o segundo terço é fantástico. mulheres: quem é mãe, quem é avó, quem é filha?
O rosto do ator-mentado principal é sublime.
Mas fiquei com a impressão de que o filme não fecha bem, que o encaminhamento do final reduz o personagem masculino a um anormal, e a anormalidade, sendo fora da norma, não interessa à ficção.
Será o filme uma metáfora da Grécia? Quer dizer: um país vende tudo que lhe é mais caro para sobreviver, mas não sobrevive… Algo assim.
as de A Fuller Story:
Uma frase apenas para resumir tudo: Há três maneiras de voltar de uma guerra: morto, ferido ou louco.
Uma frase de Fuller, claro.
O filme de episódios de Guimarães: ou O Retorno de Victor Erice. Episódio fabuloso.
Oliveira não brilha: às vezes acontece.
Brasil
Riocorrente
O Lauro Escorel disse que eu gostei mais do que ele acreditava que eu teria gostado do filme do Paulo Sacramento (isso se eu entendi bem o que disse).
Na verdade não é bem o tipo de filme que eu goste. Mas, sendo objetivo, eis um filme que se diferencia muito do nadismo reinante na produção paulisto-carioca.
E, sendo subjetivo, foi também uma homenagem ao Jairo Ferreira. Acho que ele ia gostar imensamente do filme.
O Escorel gostou mesmo foi da visita ao cemitério, da homenagem aos clássicos. É realmente bem bonito, uma reflexão do Sacramento que indica seus escrúpulos cinematográficos, talvez certo lamento por já não ser possível ser clássico.
Helena Ignez
Passeia por quatro telas e talvez cinco continentes. De uma oficina de atores tira um mundo. Um mundo de altos e baixos, momentos assaz interessantes e outros assados.
Um espírito anos 70 baixouem mim. Legalque sobreviva.
O Sacramento atrás da idéia que se convertaem ato. Helenavai ato, e se for preciso sem idéia: black bloc.
Ana Arabia ou Amos Gitai ressuscita.
É disso que me lembro por ora. Entre tantas coisas perdidas, por trabalho, por cansaço, por coincidência de horários.
Entre elas Avanti Poppolo. É linda a imagem do Carlão no catálogo.
Não vale falar de Ozu ou Kubrick, ó obvio.