A arte do catálogo
Inácio Araújo
Começamos, enfim, a fazer catálogos de primeira para acompanhar mostras de primeira, isso que há Cinemateca Portuguesa faz há décadas e diante dos quais só restava babar, invejar e, se possível, comprar.
Agora o CCBB desenvolve essa arte no Brasil.
No ano passado houve a retrospectiva John Ford. E agora a de Hitchcock. Entre as duas, mais modesta, a de Luc Moullet.
Todas com catálogos de primeira linha: bem informadas no que diz respeito às traduções e também bons textos brasileiros.
De novo a apresentação é de Ruy Gardnier, que continua a escrever magnificamente bem.
Na minha opinião, ficou faltando apenas um trecho, ao menos, ou uma menção ao belo livro de Jean Douchet sobre o grande mestre inglês.
Não é uma reclamação, claro, só uma observação.
Só estive na retrospectiva no dia em que participei do debate.
Quem quiser fazer elogios ou críticas, sinta-se à vontade.
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Tiago Lopes
25/07/2011 16:40:09
A maneira como os ingressos foram colocados à venda foi, na minha opinião, a "menos pior" que se pôde pensar. Para ganhar o catálogo, você tinha que comprar 10 ingressos. Diariamente, a mostra exibia cerca de 4 sessões pagas. Tinha uma turma que chegava no CCBB tão logo abrisse (às 9h), comprava ingressos para todas as sessões do dia e, possivelmente, ia embora sem ver nenhum filme, repetindo o mesmo procedimento até obter o total de ingressos para conseguir o catálogo (a bilheteria só vendia as entradas para as sessões do dia). Na segunda semana da mostra, o pessoal da organização notou que os ingressos estavam acabando em tempo recorde (às 10h, já não tinha mais ingresso nem pra sessão das 19h30) e haviam vários lugares vazios em todas as sessões do dia. Mudaram a regra: os 10 ingressos que davam direito ao catálogo tinham que estar carimbados. Uma moça ficava na entrada de cada sessão, carimbado todos os ingressos de quem entrava na sala para assistir o filme. Diminuiu um pouco a gana desse pessoal (mas vi umas boas vezes uns entrarem só para garantir o carimbo, saindo imediatamente da sala depois que as luzes apagavam).A mostra do Hitchcock foi bem cansativa de se acompanhar. Trabalho das 9h às 19h, era um tormento enfrentar o trânsito na hora do rush pra comprar os ingressos e pra chegar na sessão. Mas consegui assistir quase 1/3 dos filmes e também consegui o meu catálogo sem maiores problemas (por duas vezes, acompanhei um dia inteiro da mostra, 10 horas seguidas vendo filme [it was AWESOME]). O que quero dizer é: vocês reclamam demais de barriga cheia.O Cinesesc colocou os ingressos à venda de uma maneira mais tacanha: foi possível comprar no primeiro dia ingressos de todas as sessões exibidas ao longo de uma semana. Tanto que, no segundo dia, as entradas para as sessões do último já estavam todas esgotadas. Só que, claro, nem metade do pessoal da antecipação comparecia nas sessões, obrigando a organização do Sesc a formar enormes filas de espera na bilheteria minutos antes do início das sessões, para contabilizar os lugares vagos e disponibilizar novamente os ingressos para venda, o que atrasou consideravelmente o início das sessões e desencorajou quem desistiu de sair de casa por não ser informado da possibilidade gigante de ver os filmes que queria, já que sabiam, desde o primeiro dia, que os ingressos para todas as sessões estavam esgotados.Que enorme esse comentário. Mas é isso. Braços, seu Inácio!
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Daniel Ifanger
13/07/2011 17:18:11
Ótimo texto, Inácio.Sem querer puxar a sardinha para o meu lado, já que estagiei por lá, mas o Cinusp produziu um belo catálogo na sua mostra sobre Roberto Bresson, cineasta necessário em nossas salas de exibição, que ocorrei há dois meses.Acho que São Paulo ainda precisa de boas políticas para cinéfilos, como a Cinemateca, que poderia ter uma carteirinha, um pagamento mensal para quem costuma ir lá. Isto incentivaria as pessoas a ir mais vezes e se sentir pertencente ao lugar; ou o mesmo no CCBB, que acontecia isso antes, pagar para a mostra inteira. Outra coisa, que escutei acontecer em Paris, são filmes pela manhã: 11h, por exemplo. Por que não? Porque estas salas, com raras exceções de mostras, não tem isso?Grande abraço!
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Israel Bumajny
03/07/2011 12:40:27
Faço minhas as palavras do Thiago Borges, se você quiser ver um filme em qualquer horário tem que madrugar. O problema é que, apesar da ótima programação, o CCBB é a menor sala da cidade, então obviamente que não dá conta de atender ao público que uma mostra desse porte traz. Poderiam ter feito uma parceria com o Belas Artes, salvado o cinema e mandar as mostras para lá também.
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felipe
30/06/2011 10:19:43
queria muito muito muito conseguir um catalogo da mostra.mas para isso teria que largar meu emprego e todo dia as 09:00 horas da manha ir comprar ingressos para as sessoes na esperanca de conseguir 10 ingressos para troicar por um catalago. esta meotdologia eh estupida. por que simplesmenete nao venmder os catalogos. ou por que nao editar um numero suficiente tendo em vista a grande quantidadae de interessados?
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Alexandre Carlomagno
28/06/2011 09:45:04
Em São Paulo, como faz para conseguir os ingressos para uma sessão do Hitchcock no CineSesc?Uma pena que tal Mostra ocorra apenas nas grandes cidades. Vou estar de passagem por aí, então não posso perder as obras de um dos meus mestres em película.Forte abraço.
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Marcos Anton Nogelli
27/06/2011 15:59:30
Ainda por cima não há unidade de procedimentos entre os CCBB's. No do. Rio, os ingressos são grátis e distribuídos meia-hora antes de cada sessão. Para as filas, claro, não tem essa preocupação com horários, pois depende da vontade das pessoas. A de "Os Pássaros" deve ter começado umas cinco horas antes. Há cenas patéticas de pessoas saindo correndo de uma sessão para ver se ainda conseguem um bom lugar na fila da posterior (já vi senhora de idade caindo feio no chão ao correr). As pessoas pedem que o esquema fosse esse que me parece (pelo que entendi dos outros comentários), de abrir para retirada dos ingressos cedo, 10h, 11h. A direção do centro alega que se isso acontecesse, haveria gente que tiraria ingresso para sessão à noite, e poderia não acabar comparecendo, por ter um problema, estar cansada, etc. Enfim, catálogos ótimos, a "vida" em torno deles, mal organizada.
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felipe
27/06/2011 12:50:36
muito grato ao ccbb pela mostra e pela qualidade das copias.mas conseguir um ingresso eh uma luta.conseguir uma copia do catalogo eh impossivel!!!
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Thiago Borges
27/06/2011 12:42:43
Não adianta organizar mostra e fazer catálogo sendo que o sistema de vendas de ingressos é RIDÍCULO. Pela manhã, todos os lugares para todas as sessões já estão esgotados...
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Raul Arthuso
26/06/2011 03:23:50
Aprenderam a fazer catálogo. Falta aprender a distribuir.Lembro que fizeram 90 exemplares do catálogo do John Ford. E lembro também que na mostra do Woody Allen eles vendiam o catálogo na lojinha pra quem não conseguisse ir nas sessões. Por que pararam com isso? Um amigo meu que estava morando em Lisboa foi até a Cinemateca e comprou um catálogo pra mim da retrospectiva do John Carpenter que aconteceu há uns cinco ou seis anos.Quando os cataálogos realmente chegarem mais amplamente ao público (e não ao seleto clube que "reside" no CCBB), aí a missão estará encaminhada.
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Leandro Moraes
25/06/2011 19:47:21
Sabe se alguma distribuidora vai trazer "caterpillar" para cá?
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Marcos Anton Nogelli
24/06/2011 16:18:56
Sobre esta tendência dos grandes catálogos (em qualidade e tamanho) , nada a reclamar, quem será mané de fazê-lo?. O da mostra sobre Almodóvar recém-encerrada no Rio (Caixa Cultural), era muito bom também; idem Naomi Kawase no CCBB-RJ. Ouso dizer que quem começou isso foram as mostras no CCBB de Woody Allen e Robert Altman.O problema é que a verba prevista para catálogo no orçamentos destes eventos, por parte das instituições públicas, é pequena, e em certos casos, tem diminuido em relação à outras ocasiões. Resultado: certas vezes a disputa pelo mesmos rendeu cenas dignas de tiroteiro de fita de ação de Hong Kong. No Hitchcock felizmente fizeram duas coisas que há tempos tinham que rolar: na retirada do volume, vc deixar o seu nome e um número de identificação de documento (para evitar que alguém tire mais de um, e tente revender, como já rolou), e a direção da mostra botou uma cópia digital dele no site do evento - o que por motivos de direitos autorais, nem sempre dá para fazer, como no caso do John Ford.Ainda assim calculo que o número de pessoas frequentadoras da mostra de Hitchcock em cada cidade (Rio e SP), que desejariam pegar o catálogo em papel e estariam habilitadas a faze-lo (tendo dez carimbos de dez sessões diferentes), é três, quatro, cinco vezes maior que o número de catálogos disponíveis para serem retirados.E sei lá, não vejo razão para esta verba curta. Falta de grana nestas instituições para dar oportunidade de uma tiragem maior (será?)? Vontade da direção deste lugares em fazer deste catálogos, realmente objetos de disputa, raridades?Do Hitchcock, obtive um. Do John Ford, foi impossível.
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