O melhor da Mostra
Inácio Araújo
O melhor, para mim, nesse início de mostra, é o “Habemus Papam”, do Nanni Moretti, que acabou chegando tarde e não foi exibido no domingo, que era o dia de sua estréia.
Entre os filmes estimáveis está, me parece, “Loverboy”, de Constantin Mitulescu, onde se manifesta bem o frescor do atual cinema romeno.
E a proposta, de início, parece bem tradicional: como se pratica o tráfico entre a Romênia e a Itália.
Em vez de grandes máfias, o filme se fixa em um grupo de rapazes, bem idiotas, claro, mas bem representativos do que significa essa passagem abrupta comunismo/capitalismo, em que a descrença em relação ao velho torna-se idolatria do dinheiro, convertido em valor único.
Mitulescu conduz a história de maneira bem interessante, na medida em que Luca, o loverboy da história, é que parece se apaixonar por Veli, a camponesa com quem começa a namorar, o que dá um contorno um tanto diferente a suas relações.
Vi também um Paradjanov muito bonito, o que é óbvio: ele é um esteta total e um talento e tanto. Mas não saberia dizer mais sobre o filme, de 1964.
Há abacaxis, também, como o filme de Cingapura/EUA com o qual encerrei meu domingo de Mostra, cujo nome já esqueci. Mas é o que mais irrita num fime, essa coisa que não é interessante nem tola de todo. Então é pura perda de tempo. No mais, a realizadora é de Cingapura, mas o filme passa pelos EUA, México, Japão, só não passa por Cingapura.
Ah, mas eu ia dizendo: o melhor da Mostra nem é tudo isso. É a alegria de encontrar amigos, pessoas que eu não via há muito tempo. Entre elas, o José Geraldo Couto, com quem topei num café, depois da sessão do filme de, supostamente, Cingapura.