Elefante Branco e outros elefantes
Inácio Araújo
Um filme estranho esse “Elefante Branco” de Pablo Trapero.
Nas primeiras sequências dá a impressão de que será um “filme de tema”: a favela, a presença de padres e sua atuação na favela, a questão da fé e as questões sociais próprias da favela.
Aos poucos, sem abdicar de nenhum desses temas, aliás, o filme vai se abrindo e, em vez de apontar alguma solução, boa ou má, para as questões que ali desfilam, vai apenas dando idéia de sua extensão.
E ela parece cada vez maior, cada vez mais inabordável.
O insuportável do Terceiro Mundo, da pobreza do Terceiro Mundo (sendo que na Argentina as desigualdades são muito menores do que entre nós) está lá. A impotência dos padres e da assistente social diante de tudo se assemelha àquela que nós, como espectadores, sentimos.
É um filme mobilizador, nesse sentido, porque inquietante.
Um belo filme político, coisa difícil de se ver.