Dois livros e um texto
Inácio Araújo
O livro do Junior
A Papirus acaba de publicar “A Mise en Scène do Cinema”, de Luis Carlos de Oliveira Jr.
Para o pessoal que acompanha a Contracampo é o Junior.
Só dei uma olhada na introdução até agora, mas já dá para ver que é o que se poderia esperar dele, uma coisa de alto nível.
O Junior é da segunda geração da Contra. Que está chegando este ano, aliás, aos 18 anos. Às vezes ela fica meio devagar, cambaleia, mas depois volta a caminhar legal.
Ele agora está indo (se já não foi) a Paris, preparando doutorado – se não estou errado. O mestrado ele fez com o Ismail, não sei se agora é só um sanduíche ou será tudo lá.
Enfim…
O que importa é o seguinte: vejo muito poucos livros de toda essa turma que em dado momento deu uma sacudida feroz na crítica.
Acho que acabou abalando os nossos críticos mais antigos, como o Merten, e mesmo os de meia-idade, como eu e o Zanin.
Bem, eu acho que esse pessoal devia publicar mais. Não quero particularizar esse ou aquele. Me parece que há gente muito talentosa e, lá vou particularizando, acho um pecado não haver livro do Ruy Gardnier por aí. Mas não só dele.
Isso acontece porque as edições de cinema são raras.
E porque até agora não havia um real empreendedor (um produtor) nesse meio.
Então, duas coisas:
1. Hoje há maneiras de editar livros em pequenas quantidades, atendendo a pedidos e tal. Isso sem que o custo decuplique, como antigamente.
2. O Leonardo Mecchi me parece o produtor que essa turma toda precisava.
Desculpem me meter. Mas umas antologias, umas coisas assim, não fariam mal ao cinema. A lembrar: Contracampo, Cinética e tutti quanti têm feito muito mais bem ao cinema do que se possa imaginar à primeira vista.
Pronto, eu tinha me esquecido do livro da Luciana Araújo sobre Joaquim Pedro, que saiu há mais ou menos um mês.
Mas explica-se o esquecimento: é que a Sheila se pôs a ler e eu mal vi a capa do livro.
Em todo caso, eu vivo falando do pessoal da Contracampo & da Cinética & das outras também, mas a Luciana é outro papo.
Ela é de Pernambuco. Digamos, o lado teórico do pessoal de Recife ligado a cinema ou que faz cinema, mas dá aula em São Carlos, na UFSCar, onde tem um pessoal aliás bem forte.
E o Orlando…
Quem me chamou a atenção foi a Rosário no seu “Almanakito”, então fui atrás da reportagem-perfil do Orlando Margarido sobre o Kleber Mendonça Fo., na “Carta Capital”, tendo como gancho o novo filme do KMF, que será de terror.
Um belo perfil, me parece, onde se fala também um bocado das coisas que marcaram o cineasta.
Mas não era isso o principal: há muito tempo quero falar de duas coisas que me chamam muito a atenção na revista: a crônica semanal do Zé Geraldo Couto, que gira em torno de um personagem ligado ao cinema, e as críticas do Orlando.
Quanto à crônica do JG Couto, nenhuma novidade. Mas o Orlando vem se superando: o espaço é em geral pequeno, mas ele dá conta com inteligência e sensibilidade do filme de que precisa dar conta.