Norma Bengell
Inácio Araújo
O que me entristece de fato nem é Norma Bengell ter morrido, pois morrer todos morremos. É perceber a absoluta injustiça que o Brasil faz com seus grandes artistas, o abandono a que são relegados, a maneira como foi tratada em vida.
Claro, me entristeceu ler das dificuldades econômicas pelas quais passava no fim da vida. Mas muito muito mais doloroso é saber que isso teve ressonância infinitamente menor que as acusações de roubo feitas há algum tempo.
Isso, para mim, é de chorar.
Essa ignorância satisfeita, incapaz de reconhecer a beleza de uma obra.
Esse ressentimento infinito que pensa que é moralidade.
É de chorar.
Estamos diante da primeira atriz brasileira a ser verdadeiramente internacional, acho que desde Carmen Miranda. Estamos diante da vedete maravilhosa encarnando Brigitte Bardotem O Homemdo Sputnik, da atriz espetacular de Os Cafajestes, Noite Vazia, Os Deuses e os Mortos (que só pude rever, e parcialmente, na Mostra passada, quando foi exibida pela Positif), O Anjo Nasceu, bem… Não acaba mais.
No mais, a única coisa que tenho a dizer contra ela é que não foi de fato uma boa diretora de cinema, que seus filmes nunca de fato me interessaram ou mesmo agradaram. Mas isso não chega a ser um pecado, suponho.
O Capital
Queria falar do Costa-Gavras, cujo filme expõe as virtudes e os muitos problemas que povoam a sua filmografia. Fica para outra.
Hoje passei o que restava do dia brigando com um computador temperamental.