Blog do Inácio Araújo

Fauzi Arap

Inácio Araújo

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Não via Fauzi Arap há décadas. Décadas mesmo.

Acredito que se me visse hoje não lembraria de mim.

Houve um momento, logo que entrei na faculdade, que andava com um pessoal do teatro. Em particular José Vicente, que estudava na Maria Antonia e logo ficou conhecido como autor de “O Assalto”.

E uma das pessoas mais gentis, mais talentosas, mais abertas desse grupo (de que fazia parte Antonio Bivar também) era Fauzi.

Esse grupo desapareceu. Nunca mais se dedicaram ao teatro, acho, com exceção de Fauzi Arap.

Ele não teve muitas aparições em cinema, mas algumas delas foram marcantes, como a sua participação em Todas as Mulheres do Mundo.

É curioso que o outro diretor que conheci nessa época, o Emilio di Biasi, era menos ator do que Fauzi, mas acabou aparecendo muito muito bem em filmes do Carlos Reichenbach, em particular no “Filme Demência”, onde faz o Mefisto.

É estranho como nos fazem falta pessoas com as quais privamos por algum tempo e depois, por qualquer razão, deixamos de ver. Fauzi era um grande e afetivo camarada. Acho que sofria para ser ator, mas era notável. Esteve muito bem na montagem acho que de Pequenos Burgueses, uma montagem clássica do Oficina.

Mas gostava mais de Augusto Boal do que do José Celso, mais por uma questão de trato do que outra coisa.

Dava-se muito bem com Clarice Lispector, o que era difícil. Acho que ambos se encontravam na angústia (ela era bem mais, em todo caso, pelo que ele contava). Era alguém que se buscava intensamente, em cada realização. Não é dizer pouco.